Crianças desenvolvem várias manias. Quem nunca brincou de não pisar na linha do assoalho, de pular os quadrinhos pretos da calçada e de imaginar que só a morte puniria quem não seguisse as recém-estabelecidas regras de caminhar esquisitamente pela rua? Para enfrentar os medos, costumava inventar as mesmas simulações. Era nesse pacto comigo mesma que eu entendia e respeitava meus limites. Algo do tipo “se você for na frente, eu faço também”. A proposta era muito bem aceita, por exemplo, na hora de pular de um trampolim na piscina. No fim eu ia, mas nunca era a primeira. Seja por uma questão de ordem alfabética ou de altura, nunca fui à primeira da fila para nada. Na chamada, aguardava meu nome lá pelo meio da lista. Na formatura, ficava exatamente do meio para o final.
Grávida, vivo, sem querer, a mesma situação. Muitas mulheres guerreiras estão tendo seus filhos, entre as minhas amadas, primas e amigas, foi a mesma coisa, não fui a 1ª da fila, minha prima Ariana engravidou 3 meses antes de mim, a Maiane, descobriu quase 1 mês antes da gravidez, a Taciana e a Thelissa já estão com suas meninas nos braços(Bem vindas Duda e Giovanna) , ou seja a fila andou.
Cada vez mais próxima do espelho da piscina, admiro fascinada o salto das crianças-mulheres-mães que chegaram antes de mim. E sigo adiante.Vislumbro uma linda piscina azul, de água límpida refletindo sob o sol de uma bela manhã de primavera. Quando esse dia chegar, saltarei do trampolim na certeza de que era realmente a minha vez de brincar.
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